quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eso és México!

Pessoal, mesmo depois de tanto tempo sem postar e com tanta coisa acumulada, tenho que primeiro compartilhar com vocês uma história simples que se passou ontem.

Era mais ou menos 16h30 e estava caindo uma chuvinha fina enquanto ia para casa depois do trabalho. Um dia meio feio, com neblina. Quando passo por trás do Sam's Club escutando música, uma senhora com seus 70 anos e quase nenhum dente me abordou e começou a falar comigo. Ela pedia que eu ajudasse a colocar uma caixa de madeira no seu carrinho. E apontava para um lugar no meio de um monte de colunas de uns negócios de madeira.

Nesse lugar era muito fácil ter uma pessoa escondida e logo minha cabeça neurótica de brasileiro começou a me dizer que podia ser algo estranho. Já escutamos tantas vezes casos no Brasil em que se usa um velhinho para abordar uma pessoa antes do assalto...

Até tentei dizer que não entendia o que ela estava falando. Mas estava chovendo, e ela fez uma cara chorosa... Não tinha como dizer não pra ela. Fui seguindo-a sempre uns passos atrás e prestando atenção para onde ela apontava procurando por uma pessoa. Tenso.

Mas não tinha ninguém mesmo e, de fato, a ajudei a colocar uma caixa de madeira num carrinho de metal. Quando terminamos, ela me abriu um sorriso banguelo mas muito significante. E quando menos esperei me deu um abraço forte! Ela não estava tão limpa assim, mas dei um abraço também, daqueles melhores que podemos dar. Enquanto isso, ela repetiu umas quatro ou cinco vezes pedindo a Deus que me abençoasse.

Depois continuei meu caminho para casa. Mas estava diferente. Eu estava numa alegria interna tão grande! Fazia tempo que eu tinha uns 10 minutos tão em paz e feliz assim. Difícil até de descrever. Já tentei escrever umas cinco descrições aqui e apaguei.

Enfim, incrível como uma simples ação ou um sincero abraço podem mudar tão facilmente o dia de alguém, não?!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A vida (quase) normal no México

Passando os dias iniciais nos quais tudo é novidade, você começa a se acostumar (ou tenta) aos padrões de vida aqui, a viver como um mexicano.

A primeira das coisas a se adaptar é com os horários mexicanos. Primeiro, porque aqui em geral as coisas acontecem sempre mais tarde: almoçam das 14h às 16h, jantar só depois das 9 e tantas, o comércio fecha às 19h... Tudo aqui é mais tarde! E eles também aparentam dormir tarde e pouco, além de trabalhar mais, acho - comércio em geral abra às 8h e fecha às 19h. Mais drástico que isso, é só o rigor com horário... hehehehe. Se no Brasil a gente não tem nada de britânico, aqui é bem pior. No final de semana, íamos nos juntar na casa onde estou às 20h30 para ir para uma boate às 23h. Eu, já sabendo do padrão só fui me arrumar depois das 10h... Resumo da ópera: o pessoal chegou aqui quase 11h e fomos para lá por volta de meia-noite e meia. Ainda falta descobrir qual é a taxa de conversão de tempo mexicano para tempo normal. =p

Outro ponto delicado é a comida. Em general é bem condimenta, temperada e muito muito gostosa. Só há um problema pra mim: em geral também é bem picante. No almoço no orfanato não tem problema, porque eles não colocam chile diretamente na comida das crianças. Quando como fora também não, porque sempre peço os pratos sin chile. Só estou tendo um pouco de trabalho aqui no host. Apesar de pra eles a comida não estar nada nada picante, nas últimas refeições eu tive que tomar pelo menos uns 4 copos de líquido para aguentar.

Nessa história de no Brasil ter várias culturas, a gente não tem uma culinária tão específica como a deles. Tipo, a gente tem feijoada, rabada, buxada e tal... Mas a gente só come isso de vez em quando. Comemos muito mais frequente no McDonalds, Burguer King ou Pizza Hut. Eles não, sempre estão comendo comidas mexicanas - taco, quesadillas, pambazos... E até nas hamburguezas eles tão um toque mexicano, colocando abacaxi ou abacate - sim, dois ingredientes doces que eles sempre colocam em sanduíches!

E, claro, temos que reservar um parágrafo só para as tortillas! Elas são a coisa mais, mais básica da cozinha mexicana. Elas são discos de massa fina feitas de milho que conhecemos nos tacos e, na casa de um mexicano, devem estar presentes em todas as refeições, ou fazer parte do prato principal. Aliás, a comida mexicana é muito baseada em massas de milho. Por isso que no México dizem que há muitos problemas com obesidade - embora eu não vejo pessoas obesas onde vivo.

Encerrado o ensaio sobre comidas, vamos falar das pessoas daqui. Elas são um show a parte! Até agora não encontrei ninguém que fizesse questão de nos tratar bem. Sempre bastante receptivos e com um sorriso largo no rosto, são pessoas agradabilíssimas de se conviver! Nesse ponto se parecem com brasileiros (deve ser assim com latinos em geral...) - talvez até mais. Segundo o pessoal daqui, os mexicanos parecem realmente de gostar de extrangeiros e coisas importadas, às vezes dando até mais valor que as coisas de casa.

Dia desses estava indo à casa onde estão os outros brasileiros aqui e, como do lugar que estava no ônibus não consegui ver a casa, acabei passando da parada e fui parar na estrada para outra cidade. Falei com uns garotos no ônibus e eles me apontaram em uma parada que do outro lado da estrada estava o ônibus para voltar. Desci do ônibus correndo, mas o outro saiu primeiro e, no final da história, tava sozinho no meio de uma estrada com só duas casas perto. Sorte minha que um cara que estava indo para o outro lado da estrada se ofereceu a voltar comigo e, antes que eu dissesse não era necessário, ele emburacou no ônibus. Super prestativo - e no final ainda queria pagar minha passagem. E eu morrendo de medo que ele fosse me assaltar ou coisa do tipo!

Por falar nesse incidente, eu meio que venho sofrendo uma onda de azar desde que vim para o México:
i. Sem saber que podia trocar direto de real para peso, troquei meu dinheiro inicialmente para dolar, perdendo um bom dinheiro com isso.
ii. Caí no rio com máquina, celular e tudo... E quase me machuquei feio.
iii. Para não comprar chip daqui, peguei um emprestado com um amigo. Já gastei 150 pesos, enquanto o novo custava 150, trazia 300 de bonus e dá direito a três números grátis
iv. Perdi a parada do ônibus e fui parar lá na pqp
v. Outros que devo estar esquecendo...

Xô, urucubaca! Mas todo problema trás consigo um aprendizado:

Lição 2: Nunca demore demais para perguntar se sua parada já passou


Promessa: Estou sem minha máquina porque ela está descarregada e não tenho adaptador para as tomadas daqui. Assim que fizer ela funcionar de novo, vou editar esses tópicos novamente enchendo-os de fotos. E também vou corrigir os erros de digitação desse post, porque estou com preguiça de reler. Prometo.

Hasta luego!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A primeira semana

Nem eu esperava que ia demorar tanto tempo assim para escrever de novo. Os dias aqui estão muito corridos! Estão nos levando para conhecer vários lugares, tive que mudar de host family duas vezes essa semana... E por ai vai. Não deu muito tempo para ficar à toa e escrever. Mas cá estou... E desse vez não tem como ser post pequeno porque tem muita coisa acumulada para registrar. =p

1. Casa Hogar e as crianças
Primeiro, vamos falar do mais importante de tudo aqui no México - meu trabalho na Casa Hogar, que é um orfanato aqui. Aqui vamos trabalhar eu, Stephane - um cara da Nova Zelandia que foi MCP09-10 - e Renato, de Fortaleza. Eles dois provavelmente vão comecar a trabalhar amanhã. Já comecei desde quinta-feira.

Tenho certeza que vai ser uma experiência incrível aqui. As pessoas sao muitissimo amigáveis e há muitas coisas que eu posso fazer para melhorar. Uma combinação e tanto! Dadas as necessidades daqui, vou trabalhar buscando parcerias para eles, que estão bem ferrados de dinheiro, e vou buscar mais voluntários para aqui, além de ajudar na organização da administração daqui, que é bem precária. Como todo bom AIESECo, no meu primeiro dia fiz o meu PLAN, com direito a PO e tudo!

As crianças aqui sao muito carinhosas. Eu não tenho lá muito jeito para as crianças e aqui fico sentado numa cadeira dentro do escritorio. E mesmo assim, já no segundo dia, veio uma criança toda tímida me dar um abraco bem rápido e depois sair correndo com vergonha. E toda hora vem alguma niño aqui na minha sala conversar comigo. Tem um chiquitito aqui, com mais ou menos dois anos, que todo dia aparece umas 5 vezes aqui para perguntar várias vezes qual é o meu nome... =p

Em suma, já está sendo bom, mas promete ser ainda melhor!

2. Ano Novo Mexicano
O Reveillon daqui tem certas coisas bastante parecidas com o do Brasil. Em geral se passa a virada em uma ceia em família e depois se vai a alguma festa na casa de um amigo. A primeira diferença foi que aqui se veste roupa social para a ceia de ano novo.

Passei a virada na casa da familia de Andrea, uma menina da AIESEC daqui. Família enorme - umas 40 pessoas lá e não estavam todos. E foi incrivel como foram receptivos comigo e com o Saulo, também do ITA. Cheguei travadão lá, mas depois de uma hora já estava de fato me sentindo em casa. Uma coisa que é bem corriqueira aqui, principalmente nas reuniães de familia, é ter um karaoke. Eles passaram a noite cantando e até me fizenta cantar "La Chica de Ipanema", que é a música brasileira mais conhecida aqui, junto com "Namorar pelado". E o jantar foi muito, muito bom.

Pelas três horas, fomos a casa de uma Amiga da Andrea. Era uma festa em casa e a família era bem animada. Lá, aprendi a dancar um pouco de salsa e reaggeaton. No final, já estava morto porque havia dormido pouco no dia anterior. Fomos dormir as 6 da manhã - aqui é muito normal que os jovens só voltem para casa para o café da manha ou mais tarde.

3. Passeios por Córdoba
Aqui já visitei três lugares: El Corazón de Metlac (uma subida numa motanha pequena até um ponte de 400m com vista incrível), las antenas (de comunicacao - um lugar também alto de onde se vê as cidades da região de Córdoba. Fomos à noite e foi uma vista muito massa) e a unas cascadas (uma cachoeira).

No primeiro destino, tivemos que subir uma escada de 500 degrais mais um barrancozinho. Pense num cansaço! Na cachoeira, tínhamos que andar escalando várias pedras. Sortudo que sou, caí no rio quando tentava passar de uma pedra por outra e, se não seguram minha mão, teria side levado pela correnteza. Gracas a Deus nao tive nada e a vista da cachoeira me recompensou todo o esforço.

4. Experiência trilingue
Uma das coisas mais difíceis aqui tem sido falar em três línguas. Falo português com os brasileiros, espanhol com os mexicanos e inglês com Stephane, que é da Nova Zelândia. E muitas vezes falo as três línguas num mesmo ambiente. Tem hora que trava. Vou falar em inglês e fico pensando em espanhol e saem algumas palavras castellanas no meio do "The book is on the table". Mas é bom que vou poder praticar as duas línguas.

5. Conversa sobre mortos
Uma das conversas mais interessantes que tive aqui foi sobre mortos. Me disseram que como se lida com a morte de um familiar varia muito com a regiao do México em que está. Mas há lugares em que depois que se enterra o defunto, fazem uma festa em sua homenagem. Festa, festa mesmo. Chalo, um cara daqui, me disse que em seu enterro nao quer choro, mas uma festa grande. E me disse também que há um lugar onde nos dias dos mortos se desenterra o cadáver, trocam sua roupa, penteia seu cabelo e fazem um jantar em cima da tumba. É simplesmente incareditável. Mas, claro, eles só fazer isso depois de uns 5 anos da morte, porque antes não se pode aguentar o cheiro.

6. Saudade de casa
Eu não esperava ter tanta saudade de casa. Não sei se por causa da época do ano, se porque só volto para casa no carnaval ou simplesmente por estar em um ambiente diferente. Se parece mais ou menos com a saudade que sentia quando fui para o ITA. Mas é uma experiencia legal gerenciar essa saudade para que isso não atrapalhe o intercambio. E graças a Deus existe skype! Sem ele estava perdido.


Bom, tinha mais coisas para falar mas acho que para um post já está suficiente. Fica para o próximo detalhar mais sobre a comida mexicana.

¡Hasta luego!